Título: Mudbound – Lágrimas
Sobre o Mississippi
Autora: Hillary Jordan
Editora: Arqueiro
Nº de Páginas: 272
Um amor proibido, uma traição terrível, uma agressão selvagem. Um romance de força impressionante, que nos faz mergulhar nas contradições do Mississippi pós-Segunda Guerra Mundial.Olá pessoal, tudo bom com vocês? Hoje venho com a resenha de um livro forte, emocionante e que nos apresenta um Mississippi pós Segunda Guerra Mundial repleto de racismo e segregação racial.
Ao descobrir que o marido, Henry, acaba de comprar uma fazenda de algodão no Sul dos Estados Unidos, Laura McAllan, uma típica mulher da cidade, compreende que nunca mais será feliz. Apesar disso, ela se esforça para criar as filhas num lugar inóspito, sob os olhos vigilantes e cruéis de seu sogro.
Enquanto os McAllans lutam para fazer prosperar uma terra infértil, dois bravos e condecorados soldados retornam do front e alteram para sempre a dinâmica não só da fazenda, mas da própria cidade. Jamie, o jovem e sedutor irmão de Henry, faz Laura de repente renascer para a vida, enquanto Ronsel, filho dos arrendatários negros que trabalham para Henry, demonstra uma altivez que não será aceita facilmente pelos brancos da região.
De fato, quando os jovens ex-combatentes se tornam amigos, sua improvável relação desperta sentimentos violentos nos habitantes e uma nova e impiedosa batalha tem início na vida de todos.
Alternando a narrativa entre vários pontos de vista, este premiado romance oferece ao leitor diferentes versões dos acontecimentos. Os personagens, lutando por sentimentos de amor e honra num lugar e época brutais, se veem dentro de uma tragédia de enormes proporções e encontram redenção onde menos esperam.
Que tal conhecer um pouco sobre Mudbound – Lágrimas sobre o Mississippi, da autora Hillary Jordan?
A verdade não é tão simples. A morte pode ser inevitável, mas o amor, não.O amor, você tem que optar por ele. Vou começar com isso. Com o amor.
Em Mudboud, em uma narrativa que
alterna entre diversos pontos de vista dos personagens principais, conhecemos a
história de Laura, uma mulher solteira que
começava a ficar velha para os padrões sociais da época. Quando Henry surge, apesar de não brotar uma paixão
avassaladora entre eles, o rapaz acaba cultivando a simpatia da moça e de sua
família. Laura vê em Henry a possibilidade de construir uma família e isso
acaba sendo fator determinante para que se case com o homem.
Laura e Henry formam uma família,
tem duas filhas e suas vidas encontram-se bem confortáveis até que uma mudança
drástica é ocasionada pela compra de uma fazenda de algodão no Mississippi. Henry, um homem que sempre valorizou o
trabalho no campo, vê nessa oportunidade a chance de se realizar, no entanto,
não leva em consideração que sua mulher fora criada na cidade e que a última
coisa que a mesma esperava era morar em uma fazenda no meio do nada, onde sequer
havia um banheiro ou eletricidade.
No entanto, um fator é
determinante aqui para que entendam o desenvolvimento desta trama: Henry e
Laura são brancos e donos da fazenda onde o plantio principal é o algodão.
Nesta mesma fazenda viviam os
arrendatários Florence e Hap, genitores de uma família negra que luta todos
os dias por sua independência financeira. Em uma época extremamente segregacionista,
eles vivem da melhor maneira que podem, sonhando com o dia em que cultivarão
suas próprias terras e serão donos do que produzirem.
Florence acaba indo trabalhar na
casa de Laura e a partir daí veremos o choque social e racial existente naquela
realidade. É a partir de tal contato que a história começa a tomar rumo de
fato, mas, um acontecimento em especial determinará o futuro de todos os
personagens: A volta de dois soldados sobreviventes da guerra. Um deles, Jamie,
um homem branco, irmão de Henry, visto por
todos como um herói de guerra; O segundo, Ronsel,
negro, filho de Florence e Hap, que atuou no pelotão de frente, dentro de
tanques e assim garantiu a segurança de grande parte das tropas. Se ele é visto
como herói? Não por aqueles que se encontram no Mississippi, já que nunca
colocariam um negro em tal posição.
Crioulo, Macaco, Tição. Tanto tempo defendendo meu país lá fora e, ao voltar, a primeira coisa que vejo é que não mudou nada: os negros ainda são obrigados a se sentar nos bancos traseiros dos ônibus, ainda são proibidos de usar a porta da frente das lojas, ainda colhem o algodão dos brancos e ainda pedem licença a esses mesmos brancos para tudo. Pouco importava que tivéssemos atendido ao chamado para lutar a guerra deles: para os brancos, ainda éramos apenas crioulos. E os soldados negros que haviam morrido, apenas crioulos mortos.
No entanto, Ronsel conviveu
durante anos em uma Europa muito menos racista que o local em que se encontra.
Viver em outra realidade, onde muitas vezes brancos e negros são tratados como
iguais faz com que não aceite todo o racismo que lhe é dirigido, ainda que
tenha que fazê-lo para sobreviver.
Não ficamos naquele país por muito tempo, mas serei eternamente grato àquela gente inglesa que nos recebeu tão bem. Foi a primeira vez na vida que me senti primeiro homem, depois negro.
Quando o destino de todos esses
personagens se cruzam, muitos acontecimentos se desencadearão, formando uma
trama forte, que tira o leitor de sua zona de conforto e nos apresenta um enredo
pós segunda guerra mundial, com uma realidade repleta de intolerância, racismo
e que mostra bem o perigo da ignorância.
Não sei sequer por onde começar
falando sobre essa história tão forte e repleta de significados. Começo falando
sobre seu enredo que nos mostra uma realidade cruel e visceral sobre o racismo?
Ou sobre a forma como nos é mostrada como a ignorância e intolerância, quando
caminham juntas, podem deixar sequelas ainda maiores que a de uma guerra?
O enredo intercalado entre pontos
de vista de personagens deixa a trama mais dinâmica e ainda mais forte, pois
você passa a perceber todos os pontos de vista de uma sociedade, ora marcada
pela intolerância e preconceito, ora pela esperança de se ver livre de uma
realidade tão dura e cruel.
Este foi um daqueles livros que
mexeu comigo e ficou em minha mente por muito, muito tempo sabe? Na verdade
ainda está. Apesar de não ter me emocionado tanto quanto acreditei que me
emocionaria, o livro me tocou muito e isso faz com que ainda tenha dificuldade
em falar tudo o que senti durante a leitura.
A forma como você percebe que o
racismo está enraizado no pensamento dos personagens brancos e como as
atrocidades de um pensamento de que são superiores aos negros é plantada em seu interior desde cedo é assustador, de tanto que se assemelha ao real. Incomoda
tanto a essas pessoas que alguém pense diferente que o simples fato de um negro
querer sair pela porta da frente de uma loja – onde ele era um cliente como
qualquer outro – cause sentimentos de repudia que é assombroso.
É impossível ler este livro sem
querer entrar em suas páginas e querer mostrar para todas aquelas pessoas como
seus pensamentos são errados, como muitos pensamentos e ações são monstruosos e como aquilo estava tomando caminhos tão tortuosos e perigosos.
É um livro com personagens que se
assemelham ao real e talvez por isso se torne desconfortável em alguns pontos
da leitura, justamente por mostrar tão de perto e de forma tão clara os lados
fracos e podres do ser humano que de fato existiram e que apesar de muitos acharem que não existe mais, ainda está muito presente em nossa sociedade. O racismo ainda não acabou e admitir isso é o primeiro passo para erradicá-lo.
Mas não é só de racismo que este
livro se sustenta. Ele também trata de relações familiares, ora baseadas em
cumplicidade, ora em imposição, de sonhos e sobre os fantasmas e
traumas que uma guerra pode causar em um ser humano, assim como a intolerância humana.
A título de curiosidade, este
livro já foi adaptado para o cinema e sua música tema concorreu ao Óscar! Eu
ainda não vi o filme, mas espero poder fazê-lo em breve, já que o mesmo parece
estar bem emocionante!
Eu tô morrendo por esse livro! Estou postergando a compra até ficar num preço legal, mas confesso que estou quase gastando! Eu vi o trailer do filme, aí fiquei doida com a história e fi ver que tinha o livro. O que mais me interessou mesmo foi esse enredo forte, a leitura carregada de tantas coisas erradas e que continuam acontecendo até hoje, por pensamentos ridículos de que a cor te faz melhor ou pior que alguém. Quero muto ler! Obrigada pela resenha!
ResponderExcluirBjoxx ~ www.stalker-literaria.com ♥
Oi tudo bem? Não conhecia esse livro, mas acabei de ver o trailler do filme, e fiquei curiosa sobre ele. Pela sua resenha parece que te impactou bastante esse livro e não é para menos racismo e diferença social sempre me deixa indignada também, e uma era opressora, sou contra abuso de poder e esse livro me parece que tem muito disso. Parabéns pela resenha fiquei curiosa sobre o desfecho da história que com certeza irei ler, obrigado pela dica, bjs!
ResponderExcluirLi poucos livros que falassem sobre racismo. E só de ler sua resenha já me dá um agonia de saber que essas pessoas têm pensamentos tão errados, baseados na ignorância. Essa parece ser uma leitura obrigatória, mesmo que dê raiva de algumas situações. Gostei bastante da sua resenha, e fiquei curiosa para saber mais sobre o desfecho dos personagens e da trama.
ResponderExcluirbeijos
Oi! Assisti Mudbound e achei um relato bastante realista do que foi a sociedade americana no pós-guerra, é uma história bem impactante mesmo. Ainda não li o livro, mas pelas suas palavras deu para perceber que deve ter um poder de impacto ainda maior do que o filme. É muito triste [e revoltante] saber que tantas pessoas sofreram preconceito e ainda sofrem. É obviamente uma leitura mais do que necessária hoje e sempre, para fazer com que não esqueçamos dessas situações e que temos que fazer o nosso possível para mudar isso.
ResponderExcluirBeijos!
Eu tô me segurando para não ver a adaptação porque quero ler o livro primeiro. Como mulher negra, sei que vou me emocionar bastante porque de certo modo, vou me ver no livro, por mais que o contexto de segregação já tenha passado, ainda carregamos alguns traços dele, é triste demais, mas infelizmente real. Achei sua resenha extremamente bem escrita!
ResponderExcluirOlá!
ResponderExcluirEu quero muito assistir essa adaptação. A história é incrível e muito intensa. Infelizmente até os dias de hoje essa diferença entre classes, raça, mesmo que as pessoas levantem inúmeras bandeiras, ainda vemos e sabemos como o povo sofre por causa dessas diferenças. Esse livro é do tipo que paramos para refletir o tempo todo sobre a humanidade.
Beijos!
Camila de Moraes
Oi!
ResponderExcluirEu conheci esse livro por causa do filme e principalmente porque ele concorreu a alguns Oscars - inclusive acho que levou de melhor música. Acho muito importante termos cada vez mais livros que tratem do racismo e temas tão importantes como esse.
Não sei se leria, mas talvez eu assista o filme.
Bjss
http://umolhardeestrangeiro.blogspot.com/
Olá,
ResponderExcluirSou o tipo de pessoa que não gosto de dar minha opinião sobre assuntos pesados e polêmicos, mas adoro ler sobre eles. Creio que ficarei muito chateada no decorrer dessa leitura, é difícil saber que racismo era algo comum naquela época e continua se fazendo presente atualmente. Ainda asim quero saber mais sobre esse enredo.
Beijos,
oculoselivrosblog.blogspot.com.br/
Oi, tudo bem?
ResponderExcluirEu já vi vários comentários sobre esse livro e confesso que tenho curiosidade em ler, pois parece ser uma grande obra que aborda um assunto muito importante, né? Eu gosto bastante de livros com pontos de vistas intercalados, pois fica mais dinâmico mesmo e pelos seus comentários é tudo muito bem desenvolvido e intenso nessa história. Enfim, não parece ser uma leitura fácil mesmo, mas parece ser muito interessante.
Beijos :*
Que resenha completinha e empolgada. Ler me remeteu diretamente a experiencia do filme que assisti tem um ano mais ou menos e foi um filme bem intenso e agora estou imaginando que isso deve ser ainda maior na leitura, por isso já quero ler imediatamente.
ResponderExcluirbeijos
Olá, tudo bem?
ResponderExcluirAinda estou juntando coragem de ler o livro Mudbound!
Sei o tanto que ele vai mexer comigo, assim como vc ficou com ele na cabeça por dias, sei que eu vou ficar de ressaca com certeza e revoltada com tanto intolerancia e preconceito.
A premissa ja tinha me chamado a atenção e agora vendo a sua resenha, vejo que vou gostar e ao mesmo tempo odiar alguns personagens.
Otima resenha.