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Resenha #202: Hibisco Roxo


Título: Hibisco Roxo
AutoraChimamanda Ngozi Adichie
Editora: Companhia das Letras
Nº de Páginas: 328
Protagonista e narradora de Hibisco roxo, a adolescente Kambili mostra como a religiosidade extremamente “branca” e católica de seu pai, Eugene, famoso industrial nigeriano, inferniza e destrói lentamente a vida de toda a família. O pavor de Eugene às tradições primitivas do povo nigeriano é tamanho que ele chega a rejeitar o pai, contador de histórias encantador, e a irmã, professora universitária esclarecida, temendo o inferno. Mas, apesar de sua clara violência e opressão, Eugene é benfeitor dos pobres e, estranhamente, apoia o jornal mais progressista do país.
Durante uma temporada na casa de sua tia, Kambili acaba se apaixonando por um padre que é obrigado a deixar a Nigéria, por falta de segurança e de perspectiva de futuro. Enquanto narra as aventuras e desventuras de Kambili e de sua família, o romance que mistura autobiografia e ficção, também apresenta um retrato contundente e original da Nigéria atual, traçando de forma sensível e surpreendente, um panorama social, político e religioso, mostrando os remanescentes invasivos da colonização tanto no próprio país, como, certamente, também no resto do continente
Olá pessoal, tudo bom com vocês? Após ler ‘No seu pescoço’, fiquei super curiosa para conferir as obras ficcionais da Chimamanda, uma autora que eu simplesmente admiro muito! Portanto, quando surgiu a oportunidade de ler Hibisco Roxo eu não pensei duas vezes e cá entre nós?  Foi uma leitura incrível! Vem saber mais sobre ela!
O livro se passa em uma Nigéria pós colonial, em meio ao núcleo da abastada família Achike, nos apresentando a visão dos fatos de Kambili, a filha mais nova de Eugéne e Beatrice. Através dessa personagem, conhecemos a realidade desta família a fundo.

Eugene, chefe da família, é um homem muito bem visto na sociedade: é extremamente religioso, dono de fábrica, ajuda aqueles que precisa e de quebra ainda tem um dos maiores jornais de oposição ao governo.

No entanto, dentro de sua casa a realidade é bem diferente. Ele usa de castigos físicos violentos como forma de punição para a família inteira, sempre utilizando a religião como justificativa. Religião esta trazida pelos colonizadores brancos, julgando firmemente aqueles que ainda seguem as religiões Nigerianas, vista por ele como pagãs.

A falta de liberdade, de fala, o controle intenso na vida dos filhos e os castigos cada vez mais cruéis, tudo é visto como normal por Kambili, visto que esta é a única realidade que conhece.

No entanto, as coisas começam a mudar quando Kambile e Jaja (seu irmão) passam a ter mais contato com uma tia que os apresenta uma outra realidade, muito mais dura, mas com muito mais liberdade e humanidade.

A partir daí acompanhamos o antecedente e posterior domingos de ramos, antes e depois do contato com sua tia, através dos olhos de nossas personagens, acompanhando um crescimento e mudança de pensamento, enquanto nos é apresentada uma análise política e social da Nigéria, em meio a um período histórico conturbado.
Pensa em uma leitura que mexeu muito, mas muito mesmo comigo. Uma leitura que me fez ver uma realidade sob outra perspectiva e provocou uma gama de emoções diferentes.

Quando comecei a ler Hibisco Roxo, nunca imaginei que iria encontrar personagens tão incríveis e únicos.

Comecemos falando de Kambili, uma garota sensível, retraída, tímida e que estuda em um requisitado colégio particular. A menina vive sob a pressão constante de ser a melhor em seu colégio, pressão esta imposta pelo pai. Para ele o segundo lugar já é motivo de vergonha e isso faz com que a menina se cobre e se retraia cada vez mais.

Eugéne é o típico ‘cidadão de bem’, visto por toda a sociedade como uma pessoa íntegra, mas que abusa física e psicologicamente de sua família, para que se moldem as suas convicções e vontades.
Ainda temos Beatrice, uma esposa submissa e Jaja, irmão de Kambili, um rapaz inteligente, íntegro e que se sente incomodado com a conduta do pai para com a família.

Além destes personagens, ainda temos a irmã de Eugéne e seus filhos, que são de suma importância na trama, assim como outros personagens indispensáveis para que a história tome seu rumo, mas que não vou descrever para evitar spoilers.

Aqui temos uma história extremamente fluida, narrada em primeira pessoa por Kambili, que nos apresenta a deterioração de seu lar devido ao fanatismo religioso de seu pai, bem como sua conduta autoritária, enquanto nos mostra seu amadurecimento, a formação de seu caráter devido a todas as experiências que vem surgindo em sua vida.

É nesse ponto que este romance se torna único! Acompanhar a trajetória dessa personagem e de sua família e ver o que ela se torna mesmo em meio a todas as mudanças e rupturas pelas quais sua vida passa é simplesmente fantástico e emocionante.

Chimamanda, através de sua narrativa, consegue abordar a infância e a formação e ruptura de laços afetivos familiares, enquanto nos apresenta um rico panorama político e tece críticas sociais, como o fanatismo religioso, as transformações culturais em um país, violência doméstica – sendo ela física e psicológica – e os traços herdados pela colonização e pelos golpes de estado que um país sofre.

Em meio a um enredo criado entre domingos de ramos, Chimamanda nos presenteia com uma história rica em cultura, em meio a personagens ímpares e com uma forte crítica social. Eu poderia passar horas falando sobre essa obra, no entanto, acredito que apenas através de sua leitura é possível compreender sua magnitude e é por isso que a recomendo hoje a todos vocês.

Espero que tenham gostado da indicação de hoje e que deem uma chance a esse livro fantástico! Não deixem de comentar, ok? Beijos e até o próximo post!

14 comentários:

  1. Oi, Pollyanna!
    Sempre vejo comentários muito positivos sobre os livros da Chimamanda e confesso que tenho muita vontade de conhecê-los também, mas ainda não pude. Eu acho a capa desse livro linda e saber que ele traz uma questão de debate tão importante como o fanatismo religioso e essa discussão em torno da cultura africana já me faz querê-lo ainda mais. Eu amei sua resenha, você expressa muito bem o quanto gostou do livro e me animou demais a lê-lo. Beijos!

    Jéssica Martins
    castelodoimaginario.blogspot.com

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  2. Olá!
    Eu tenho grande curiosidade em ler algo da autora. Esse livro parece ser tão envolvente, impressionante, faz críticas importantes e aborda temas que certamente leva a reflexão.
    Acredito que vou gostar dessa leitura.
    Beijos!

    Camila de Moraes

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  3. Ah, que fotos mais lindas!! ♥
    Eu confesso que não sabia que a autora tinha livros de ficção lançados, e por isso nunca tinha me interessado em ler algo dela, pois na verdade não sou chegada em obras de não ficção.
    Agora sabendo sobre esse livro e a trama, uau. Fiquei muito curiosa para ler. Deve ser uma leitura devastadora e que com certeza desperta muitas emoções.
    beijos

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  4. Eu sou louca para ler os livros dessa autora! Mas acredito que esta é a primeira vez que de fato leio uma resenha de uma história ficcional da autora. Antes tinha visto vídeos sobre palestras dela e toda a questão feminista. Mas quero demais ler Hibisco Roxo, sobretudo agora que sei quais temas o livro aborda.

    Acredito que a história vai me impactar e irei me angustiar pela protagonista. Só de imaginar o sofrimento que ela tem que suportar num lar tão opressor já fico com um nó na garganta. Nenhum ser humano deveria viver o medo dentro de seu próprio lar, ninguém deveria ser maltratado pela própria família, mas infelizmente essa é a realidade de milhares de pessoas pelo mundo afora. :(

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  5. Oi!
    Gostei da capa do livro e a história me parece ser forte e com muitos sofrimentos, não sei se é apenas impressão mas sempre achei o povo da Nigéria muito sofrido, parabéns pela resenha me fez pensar em muitas coisas, obrigado pela dica. Bjs!

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  6. Ola... confesso que naonconhrcia a autora e acredito que essa historia parece ser totalmente diferente de tudo o que eu ja li ate hoje. Confesso que atualmente nao sei se leria essa historia pelo peso qie ela traz consigo .

    Beijos

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  7. Oii tudo bem ?
    O livro parece ser bem forte fiquei curiosa em relação a trama , mas confesso que no momento deixarei passar quem sabe futuramente eu leia.

    Bjs

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  8. Acho que j;a tinha visto esse livro, mas eu nunca parei para ler a sinopse dele. Agora que descobri sobre a narrativa do livro, me pareceu ser uma leitura super recomendada. Vou salvar o nome do livro e colocar entre as leituras de 2019.

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  9. Eu li Hibisco Roxo na faculdade e foi uma das leituras mais marcantes na minha vida, comecei a leitura odiando o pai de Kambili mas depois percebi como ele foi influenciado por conceitos de colonizadores, é triste demais acompanhar isso.

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  10. Olá, tudo bem?
    Da Chimamanda, eu só li um livro até hoje (Sejamos todos feministas), mas tenho vontade de ler tudo que ela escreveu até hoje. Eu já tinha visto Hibisco roxo, só não sabia do que se tratava ainda. Parece ser um livro muito rico, tanto por trazer um panorama político, social e cultural, quanto por ter um bom desenvolvimento dos personagens.
    Adorei sua resenha e fiquei ainda mais curiosa para ler esse livro. Acredito que seja uma leitura envolvente e muito enriquecedora, e estou ansiosa para conferir.
    Beijos!

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  11. Tenho esse livro na estante a algum tempo, agora com certeza vou pegar pra ler...

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  12. Oi Polly,
    Eu li apenas um livro da autora e sou completamente apaixonada pela escrita dela. Estou bem curiosa para ler outros livros, mas, até então, não me lembro de ter lido nenhuma resenha de Hibisco Roxo e fiquei surpresa com a forma como você descreveu esse livro e curiosa para saber como a autora trabalhou tudo isso, principalmente, a questão do "cidadão de bem".
    Vou tentar comprar esse livro para ler logo, estou curiosa!
    Beijos ♥
    @umoceanodehistorias_

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  13. Eu quero ler esse livro, pois essas histórias, apesar de fortes, me faz refletir muito a situação em que ele nos apresenta. Tenho certeza que gostarei demais da história abordada, segundo o que a resenha descreveu.

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  14. Oi
    Já ouvi falar da autora, porém nunca li nada dela. Estava vendo um caso recente sobre um pai que era visto como um homem integro e todos na sociedade o respeitavam, mas não imaginavam o que ele fez com a própria filha durante 24 anos e acabou que me lembrou um pouco do pai da família. A premissa realmente é incrível imagino o quão emocionante seja fazer a leitura, fiquei mega curiosa para saber um pouco mais. Adorei sua resenha e as fotos estão maravilhosas ♥

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Pollyanna Campos

Mineira, apaixonada por livros, advogada, viciada em romances de época, séries e café. Ama viajar, ouvir a mesma música, ver os mesmos filmes, reler suas citações literárias favoritas e cuidar de suas plantas.




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